O Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro, voltou a receber estrelas do esporte brasileiro nesta segunda (12.06) para um encontro que, se não foi marcado por competições, está ligado ao desempenho que eles apresentam em suas modalidades. Em evento no Muro dos Campeões – erguido entre o Velódromo e o Centro Olímpico de Tênis após os Jogos para eternizar o nome de todos os medalhistas dos Jogos Rio 2016, atletas e dirigentes participaram do anúncio oficial da segunda lista da Bolsa Pódio, a mais alta categoria da Bolsa Atleta. Eles estiveram acompanhados pelo ministro do Esporte, Leonardo Picciani, pelo secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Luiz Lima, e pelo secretário da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Rogério Sampaio.
A primeira lista da Bolsa Pódio, publicada no Diário Oficial em 26 de maio, contemplou 183 atletas olímpicos e paralímpicos, que tiveram seus nomes aprovados para bolsas mensais que variam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil. A lista publicada no Diário Oficial nesta segunda trouxe outros 56 atletas, entre eles vários medalhistas dos Jogos Rio 2016, como o medalhista de ouro e recordista olímpico do salto com vara Thiago Braz, que renovou o benefício.
Durante o evento, quatro atletas que tiveram seus nomes publicados na primeira lista assinaram o termo de adesão: Yohansson Nascimento, dono de seis medalhas em Paralimpíadas no atletismo, entre elas uma de ouro (Londres 2012) e duas no Rio 2016 (prata e bronze); Débora Benevides, da canoagem paralímpica; a ginasta Flávia Saraiva e Izabel Klark, do snowboard, primeira atleta de uma modalidade de esportes da neve a ser contemplada com a Bolsa Pódio.
Alagoano, Yohansson Nascimento retornou ao Parque Olímpico pela primeira vez após as Paralimpíadas e foi surpreendido com o Muro dos Campeões, onde teve a oportunidade de ver seu nome gravado. “É um lugar que me traz boas recordações. Ver meu nome ali com duas conquistas, uma prata e um bronze, em um memorial fantástico foi algo que me deixou feliz. Estou voltando ao Parque Olímpico com o pé direito, pois acabamos de assinar a Bolsa Pódio, que vai nos ajudar a conquistar mais medalhas. Até Tóquio 2020 sei que vai ter muitas competições, Mundiais, Parapan-Americanos, e saber que o Ministério do Esporte vai estar do nosso lado, nos apoiando, é de fundamental importância”, afirmou o velocista.
Flávia Saraiva foi outra que se emocionou com o evento realizado no início desta tarde. Para ela, o local foi bem escolhido. “Eu não conhecia esse muro. É legal, muito bonito. Tem o nome dos meus amigos aqui, o Diego (Hypolito), o Nori (Arthur) e o Zanetti (Arthur) e isso é importante. Dá inspiração, pois me faz pensar que um dia também quero ter meu nome gravado em uma medalha”, ressaltou. “Fiquei feliz quando soube que o ministério iria renovar a Bolsa Pódio. Esse benefício nos ajuda muito”.
O ministro do Esporte ressaltou que a manutenção da bolsa foi uma das prioridades da pasta, mesmo em face dos problemas econômicos enfrentados pelo país. “Queremos que a atual geração de atletas e as futuras gerações tenham cada vez mais condições de estrutura, de boas equipes técnicas, recursos tecnológicos, recursos humanos no apoio à sua preparação”, afirmou Picciani. “Tivemos um ano difícil na gestão pública, de extrema austeridade orçamentária. Temos um grande contingenciamento, não só do ministério do Esporte, mas de todas as áreas, mas temos expectativa de que o país está retomando o crescimento, que já saiu da recessão e que vamos voltar a crescer e investir. Mas, mesmo no momento de ajustes, definimos prioridades e escolhemos caminhos. Um deles foi a preservação da Bolsa Pódio e da Bolsa Atleta. Foi uma decisão nossa manter integralmente o apoio à preparação dos atletas que irão representar o país nas próximas Olimpíadas”, continuou o ministro.
A nova lista traz o nome de outros atletas que brilharam no Rio de Janeiro e que voltarão a receber a Bolsa Pódio, como o caso da dupla Martine Grael e Kahena Kunze, da classe 49er, que se tornaram as primeiras velejadoras brasileiras a conquistar um ouro olímpico. Felipe Wu, prata no tiro esportivo, e Arthur Zanetti, ouro nas argolas em Londres 2012 e prata no Rio; além de Poliana Okimoto, bronze nas maratonas aquáticas e primeira atleta do país a subir no pódio olímpico na modalidade, também aparecem nesta segunda lista.
Entre os paralímpicos que já eram bolsistas, aparecem nomes como Daniel Martins, ouro nos 400m livre (classe T20) e recorde mundial da prova; Phelipe Rodrigues, com quatro medalhas na natação; Antônio Tenório, que conquistou sua sexta medalha paralímpica da carreira com a prata na categoria até 100kg do judô; e Bruna Alexandre, que se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha no tênis de mesa, com o bronze na classe 10.
Maior do mundo
Considerado o maior programa de patrocínio individual do mundo, a Bolsa Atleta, criada em 2005, já concedeu cerca de 51 mil bolsas para 20,7 mil atletas de todo o país. Apenas no exercício de 2016, 6.217 atletas de modalidades olímpicas e paralímpicas foram contemplados, além de 1.080 de modalidades não olímpicas e não paralímpicas. Na década, os recursos destinados ao programa superam R$ 890 milhões.
A Bolsa Pódio, criada, em 2013, nasceu com o objetivo de patrocinar atletas com chances de medalhas e de disputar finais nos Jogos Rio 2016 e, agora, segue para o ciclo olímpico visando os Jogos de Tóquio 2020. No período, foram contemplados 322 atletas, num investimento de R$ 60 milhões. Até maio deste ano, o desembolso do programa alcança a marca de R$ 83,5 milhões.
São apoiados atletas que tenham obtido bons resultados em competições nacionais e internacionais. O contemplado recebe o equivalente a 12 parcelas do valor definido na categoria: Atleta de Base (R$ 370); Estudantil (R$ 370); Nacional (R$ 925); Internacional (R$ 1.850); Olímpico/Paralímpico (R$ 3.100) e Pódio (R$ 5 mil a R$ 15 mil).
O impacto da Bolsa Atleta foi medido nos Jogos Rio 2016. Na edição olímpica, 77% dos 465 atletas convocados para defender o Brasil eram bolsistas. Das 19 medalhas conquistadas pelos brasileiros – a maior campanha da história –, apenas o ouro do futebol masculino não contou com bolsistas. Já nos Jogos Paralímpicos, o Brasil teve a maior delegação da história, com 286 atletas, sendo 90,9% bolsistas. Foram 72 medalhas conquistadas, em 13 esportes: 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes, além de 99 finais disputadas. Todas as medalhas foram conquistadas por atletas que recebiam o apoio financeiro do Ministério do Esporte.
Novas listas
O prazo para indicação de atletas à Bolsa Pódio neste ciclo olímpico, conforme o primeiro edital, lançado em dezembro de 2016, segue até 10 de outubro. Outras listas de contemplados devem ser publicadas até o fim deste ano. Para concorrer, o atleta deve estar em plena atividade, vinculado a uma entidade de prática esportiva ou a alguma entidade nacional de administração do desporto, e entre os 20 primeiros no ranking mundial da modalidade ou prova específica.
O atleta deve, ainda, ser indicado pelas respectivas entidades nacionais de administração do desporto em conjunto com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) ou Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Ministério do Esporte. Também precisa apresentar declaração de recebimento, ou não, de qualquer tipo de patrocínio de pessoas jurídicas, públicas ou privadas, apontando valores efetivamente recebidos e os períodos de vigência dos contratos. Os bolsistas que conquistaram medalhas na última edição dos Jogos Rio 2016 têm prioridade na renovação das bolsas, conforme determina a Lei nº 12.395, de 2011.
A análise das indicações e dos planos esportivos é realizada pelos grupos de trabalho instituídos pela Portaria nº 456, de 24 de novembro de 2016, do Ministério do Esporte, respeitada a modalidade específica de cada atleta. Após a aprovação da indicação, o atleta é notificado para, em até sete dias úteis, preencher o cadastro on-line e apresentar o plano esportivo.
A permanência do atleta é reavaliada anualmente e está condicionada ao cumprimento do plano esportivo, previamente aprovado pelo grupo de trabalho, e à permanência no ranqueamento da respectiva entidade internacional.
Ascom - Ministério do Esporte