No dia 5 de agosto de 2016, o Brasil e o mundo assistiam à abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ao longo da preparação para o megaevento, o país contou com os maiores investimentos da história para a estruturação do esporte nas diversas modalidades olímpicas e paralímpicas. Um ano depois, os atletas continuam usufruindo a rede construída e a continuidade dos recursos federais. Nesta sexta-feira (4.8), o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, participou de bate-papo com os atletas Ângelo Moreira, do wrestling estilo greco-romano, e Luisa Borges, da natação artística, além de Ricardo Prado, medalhista olímpico e coordenador de esportes na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). O ministro anunciou a publicação do novo edital do programa Bolsa Atleta.
“Vamos abrir a possibilidade para que atletas de todas as categorias, desde a base até os olímpicos e internacionais, possam ser contemplados”, explica o ministro. “Era um compromisso nosso de manter e renovar o programa e vamos cumprir assinando amanhã na comemoração que teremos no Parque Olímpico da Barra”, acrescenta, em referência à programação que será realizada neste sábado (5), a partir das 10h, para marcar 1 ano da realização dos Jogos Olímpicos. A chamada pública do novo edital será publicada no Diário Oficial da União na próxima segunda (7), e as inscrições terão início na terça-feira (8).
Contemplada com a Bolsa Atleta desde 2011 e atualmente na categoria Pódio, Luisa Borges ressaltou durante o bate-papo a importância do programa ao longo da preparação para os Jogos Olímpicos e também para a continuidade dos treinamentos após o evento. “Para mim a bolsa é essencial. Sem ela nós não teríamos o desempenho que tivemos no Mundial de Budapeste. Continuamos focados para 2020 contando com o mesmo apoio”, avalia a atleta, que terminou em 15º lugar na Hungria, ao lado de Maria Clara Coutinho, na prova de dueto.
No Rio de Janeiro, Luisa e Maria Eduarda Micucci ficaram em 13º lugar, a uma vaga da classificação para a final. Já na prova por equipes, as atletas terminaram com a sexta colocação. Agora, o foco é voltado à preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio. “Tenho muito orgulho de ter participado dos Jogos Rio 2016. Vamos focar no treinamento, dando um passo de cada vez”, comenta a atleta, campeã nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, em 2014.
Já Ângelo Moreira tem um motivo a mais para sonhar com a edição de 2020. Durante a seletiva pan-americana que garantiria aos dois atletas finalistas a vaga para o Rio 2016, o lutador ficou a apenas uma vitória da classificação olímpica, sendo derrotado na semifinal pelo cubano Yurisandi Rios – um sentimento de frustração que foi convertido em torcida pelo país. “Eu acreditei até a última possibilidade. Quando não deu, tirei o boné de atleta e coloquei o de torcedor brasileiro. Fui à arena, torci pelos meus amigos. Não me classifiquei, mas sabia que teria outros quatro anos para trabalhar firme para a próxima Olimpíada”, conta.
Amparado pela Bolsa Atleta na categoria internacional, Ângelo embarca no dia 18 para a França, onde disputará o Mundial sênior. “Isso foi graças ao meu resultado no Pan-Americano em Lauro de Freitas, quando fiquei com o bronze. Desde então estamos nos preparando e vamos dar continuidade ao trabalho. A Olimpíada é o final do ciclo”, afirma.
Legado
O Centro Pan-Americano de Judô em Lauro de Freitas (BA), que recebeu o Campeonato Pan-Americano de Wrestling em maio deste ano, é uma das estruturas construídas graças à realização dos Jogos Rio 2016 e que ficam como legado ao país. Atleta da Marinha do Brasil desde 2013, Ângelo Moreira é diariamente beneficiado por outro local que foi reformado e equipado para receber delegações estrangeiras como sede olímpica de treinamento, resultado de um investimento federal de R$ 19 milhões: o Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan).
“A estrutura que o Cefan e as Forças Armadas receberam veio para somar na ajuda ao atleta. Além do Bolsa Atleta, que é o recurso financeiro, é essencial termos estrutura para treinar. Hoje não ficamos atrás de nenhum país nessa questão. Esse é o maior legado que a Olimpíada poderia deixar”, opina o atleta mineiro, que compete na categoria -75kg e foi campeão da Copa Brasil Internacional em 2016 e do Sul-Americano em 2015.
“Os equipamentos das Olimpíadas foram distribuídos para todas as regiões brasileiras”, ressalta o ministro Leonardo Picciani. “Mandamos as piscinas para Manaus e Salvador, e o Pan-Americano de Wrestling usou os tapetes dos Jogos Olímpicos. Construímos equipamentos esportivos em todo o país, como o Centro Pan-Americano de Judô e o Centro de Formação Olímpica do Nordeste, em Fortaleza, que é conduzido pelo governo do Ceará. Além disso, estão sendo construídas, equipadas ou reformadas cerca de 50 pistas de atletismo, em todas as unidades da federação”, conta.
Toda essa estrutura oferecida ao dia a dia dos atletas não era realidade quando Ricardo Prado ainda competia nas piscinas. “Os equipamentos são um dos maiores legados que poderiam ter ficado dos Jogos. Venho observando isso desde os Jogos Pan-Americanos do Rio, em que também trabalhei na organização. Pude ver o progresso do nosso esporte a cada ano com uma melhor estrutura para os atletas”, analisa o medalhista olímpico (prata nos 400m medley) de Los Angeles-1984 e que ainda atuou no Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 antes de assumir o posto na CBDA.
“Você não vê mais os atletas reclamando de falta de estrutura e de recursos, graças a programas como o Bolsa Pódio e o Bolsa Atleta. Isso é essencial, é parte da razão para o sucesso que tivemos em 2016 e para termos mais sucesso ainda em 2020, pelo fato desses programas terem continuidade. Isso que vai garantir que o que a gente plantou nos últimos anos seja colhido em 2020 e 2024”, acredita.
O programa
As inscrições para o Bolsa Atleta poderão ser realizadas no site do Ministério do Esporte até o próximo dia 22. O pleito terá como base os resultados esportivos de 2016 nas modalidades que fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, com as competições qualificatórias indicadas pelas confederações ou pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). As bolsas serão concedidas nas categorias Atleta de Base (R$ 370), Estudantil (R$ 370), Nacional (R$ 925), Internacional (R$ 1.850) e Olímpica/Paralímpica (R$ 3.100).
O Bolsa Atleta é o maior programa de patrocínio esportivo individual do mundo e desde a sua criação, em 2005, já beneficiou 20,7 mil atletas brasileiros, em um investimento de mais de R$ 890 milhões. Em 2016, 6.217 atletas de modalidades olímpicas e paralímpicas foram contemplados, além de outros 1.080 de esportes que não integram os programas dos Jogos. Nas Olimpíadas do Rio, 77% dos 465 brasileiros convocados eram bolsistas. Já nas Paralimpíadas, o Brasil teve a maior delegação da história, com 286 atletas, sendo 90,9% bolsistas, e todas as 72 medalhas conquistadas vieram de atletas apoiados pelo ministério.
A categoria Pódio foi criada em 2013, com bolsas que variam de R$ 5 mil a R$ 15 mil, e beneficiou 322 atletas no ciclo Rio 2016. Hoje 239 competidores são patrocinados com foco na preparação para os Jogos de Tóquio, em um investimento anual da ordem de R$ 31,5 milhões.
Fonte: Do Rio de Janeiro (RJ), Ana Cláudia Felizola – rededoesporte.gov.br