Deputado federal no quinto mandato, Leonardo Picciani, que também preside o MDB no Rio de Janeiro, acredita que em 2022 a população brasileira irá abraçar o debate público em torno da política. Não somente pelas eleições marcadas para outubro, ele diz, mas também por um “senso crítico que hoje já permite distinguir quem tem capacidade para fazer um bom trabalho e quem não passou de aventura” diante das decisões que determinam o futuro do país. Em entrevista à Nova TV Friburgo, durante visita à cidade serrana no último dia 04/02, Leonardo também avaliou temas como economia, inflação, desafios nacionais e regionais. Veja a seguir:
Política
Leonardo Picciani: Noto que as pessoas cada vez mais têm se dado conta da importância da participação política, de acompanhar e cobrar de seus representantes. E noto que cada vez mais elas estão criando senso crítico e distinguindo quem tem a capacidade de fazer um bom trabalho, com dignidade, correção e consciência da atividade política, e quem não tem. Vivemos um momento no país em que se criou um ambiente no qual a política foi negada e se buscou a solução pela escolha de quadros sem experiência, vivência política e sem compromisso, além de uma militância muito rasa. Nos últimos anos, a gente viu no que isso ocasionou, a crise que vivemos e as dificuldades que a população tem passado. As pessoas não estão conseguindo colocar comida na mesa. A gente precisa de pessoas sérias, que tenham competência e saibam o caminho para buscar soluções para esses problemas. E a solução será pela política. Pela boa política, e não por aventureiros, salvadores da pátria ou pessoas que querem pedir voto dizendo que não são políticas e enganando as pessoas desde a essência.
Debate político
LP: Nos últimos anos as pessoas perderam um pouco do respeito, da capacidade de se escutar e conversar. Você pode não concordar com algo que esteja sendo dito, mas não precisa agredir ninguém. Você pode ter firmeza, defender suas posições, ser coerente com aquilo em que acredita sendo cordial e respeitoso. É possível discordar, ouvir e rebater com clareza e firmeza sem gritar, xingar nem ofender. Basta ter capacidade de raciocínio e coragem de dizer o que pensa.
MDB-RJ e organização partidária
LP: Temos uma tradição democrática de dialogar e respeitar as diferenças. Muita coisa foi construída na última década e precisamos preservar as conquistas da população: temos atendimento de saúde 24h graças às UPAs, passamos por um grande ciclo de desenvolvimento econômico, atravessamos crises e também tivemos êxito em reorganizar as finanças. Muitos desses avanços e soluções resultaram de um processo de liderança do MDB. Sempre buscamos exercer a política olhando por quem mais precisa, respeitando as pessoas, os processos legais e, sobretudo, trabalhando pelo desenvolvimento econômico do estado. Temos os melhores quadros para oferecer à população, o MDB fluminense está mais vivo e pujante do que nunca. Nossos núcleos estão ativos: Mulher, Comunitário, Jovem, Afro, Sócioambiental, Diversidade e Inclusão… E temos atividades programadas junto à militância ao logo de todo ano e em todos os 92 municípios do Rio. Seguimos em frente.
Movimentação dos núcleos da legenda
LP: O ex-deputado Rafael Picciani, que nos últimos anos retornou às atividades partidárias depois de não disputar o pleito em 2018, assumiu a Coordenação Geral de Núcleos aqui no Rio. E está fazendo um trabalho extraordinário. Há uma agenda grande de atividades partidárias esse ano. Os nossos núcleos estão com uma produção muito boa, com cursos gratuitos de formação política, uma agenda de atividades sociais e partidárias. Recentemente refundamos o MDBComunitário-RJ. Nosso partido tem tido uma atuação comunitária muito forte, tendo sido procurado – e tendo acolhido –, representantes de várias comunidades. É ótimo ver a comunidade interessada, lutando para ter voz e ser ouvida. Sempre vamos lutar por pautas de avanços e reconhecimento de direitos, pela melhoria e maior oferta dos serviços, por mais qualificação profissional, por mais creches, mais áreas de lazer e por infraestrutura digna nas favelas. Fico feliz que esse movimento esteja crescendo e conquistando espaço no debate e principalmente nas políticas públicas.
Economia brasileira
LP: Vejo o quadro atual com muita preocupação. O Brasil é um país com muito potencial, mas que está atravessando um momento muito difícil. A gasolina custando quase oito reais, a inflação de volta depois de décadas, a perda do poder de compra, sobretudo para as pessoas mais humildes, as que vivem do salário-mínimo ou nem isso. A cada mês muitas dessas pessoas vêm seu carrinho de compra diminuir, o seu salário cada vez menor enquanto as coisas ficam cada vez mais caras. Isso precisa ter fim. A gente precisa reequilibrar o país com responsabilidade, mas olhando por quem mais precisa.
Aumento de preços
LP: Vejo nesse aumento dos combustíveis se falar muito do ICMS. Eu consigo enxergar que a grande razão do aumento dos combustíveis e, consequentemente, o aumento do preço dos alimentos e de outros produtos, está relacionado a um lucro excessivo da Petrobras. Evidentemente, a Petrobras é um orgulho para todos nós brasileiros, ela precisa ser forte e desempenhar bem a sua atividade, mas pagou R$ 42 bilhões de dividendos no último trimestre a seus acionistas. Enquanto isso a população está pagando uma fortuna pelo preço dos combustíveis, ela tem pago esse lucro. Será que em vez de 40 bilhões de lucro, se tivesse dado, 10, 20, já não seria um bom resultado para os acionistas? A gente precisa ter um equilíbrio e não permitir que a ganância de qualquer setor prejudique ou faça milhões de brasileiros passarem por dificuldades.
Jorge Picciani
LP: Fico feliz de poder falar do meu pai, apesar da saudade e da tristeza com a perda dele que tanto eu como toda nossa família tem. Mas eu tive a oportunidade de dizer, no dia do falecimento dele, que o grande legado que ele deixa é de trabalho. Primeiro, pela capacidade de unir contrários, ter diálogo para dar solução aos problemas. Mas, sobretudo, o Jorge era uma pessoa que se preocupava com as pessoas, tinha sensibilidade aos seus problemas, pensava no bem-estar delas e fazia o que podia para ajudar e fazer com que as pessoas tivessem uma vida melhor. Esse é o grande legado. E na política, ele nos deixa a construção de uma marca de ter sido um homem de palavra, que sempre cumpriu seus compromissos, que nunca fugiu às responsabilidades assumidas, e que fez muito por esse estado. Nas últimas décadas ele trabalhou muito para o Rio de Janeiro permanecer de pé, mesmo nos momentos de interlocução difícil com o governo federal. Jorge trabalhou muito para garantir as condições econômicas que permitissem que o estado não quebrasse. O Rio de Janeiro não quebrou porque teve lideranças importantes para seguir essa trilha.